Alguém me indica o caminho ou de-me uma bússula! Agora estou perdida. Nenhum lado para o qual olhar, apenas dúvidas em minha cabeça. Quando foi que me perdi? Quando foi que tomei o caminho errado, dobrei para a “esquerda” ao invés da direita?
Qual foi a curva que me enganou? Quem me deu o mapa errado, falho, mentiroso? Não vejo mais o meu objetivo, aquele que antigamente eu via no final da estrada. Aliás, qual era ele mesmo? Eu mudei demais, tentando melhorar. Talvez tenha sido esse o meu erro. Ao mudar, eu me perdi de mim mesma. Onde eu estou? Quem eu sou? Aonde devo ir para me encontrar? Talvez, se eu retornar... Mas de onde eu vim? Me perdi em uma floresta. Uma floresta profunda, cerrada, negra, que abafa minha mente, confunde mus sentidos, atrapalha minha estrada. Mas que estrada? Existiu alguma vez essa estrada? Ou foi apenas devaneio de minha mente? Volto a minha origem? Tento seguir a frente? Mas o que é frente e o que é retorno nessa floresta? Quanto tempo estou aqui? Por que não posso ter certezas em minha cabeça? Seria tão mais fácil...
Devo mudar. Mas como? É possível isso?Eu já me metamorfoseei uma vez. Uma borboleta não se metamorfazeia duas vezes. Apenas uma. Existe apenas uma chance. Será que comigo é assim? Espero que não, eu vivo mais tempo que uma borboleta. Mas o que é meu tempo de vida ao lado do tempo da Humanidade? E o que é a Humanidade ao lado do Infinito, do Espaço, do Tempo. Meros números não definem nada. São apenas números. É a estratégia humana para diminuir o infinito e torna-lo entendível às nossas mentes torpes. Somos idiotas que acreditam ser sábios. Idiotas que morrem por essa crença, que sofrem, que choram, que matam, torturam. Não podemos aceitar que somos nada ao lado de toda a imensidão? Não podemos aceitar a nossa burrice, a nossa ignorância? Não podemos apenas aceitar a beleza de tudo o que nos cerca sem querer explicação? A ignorância pode ser uma benção. O sábio sabe bem as suas dores e as dores do mundo por que conhece duas ou mais realidades. Por que compara. Por que pensa. O ignorante encontra-se feliz em sua realidade pois não conhece outra vida, outra maneira de pensar, diferente da sua. Não conhece outros métodos. Não tem dúvidas, pois nunca lhe deram outras opções. Um ignorante pode escolher ser sábio, mas um sábio não pode escolher ser ignorante. É o sábio que é atormentado por dúvidas, não o outro. Talvez, eu faça parte dessa “elite” chamada sábios. Como gostaria de pertencer ao grupo que ignora. Ao menos lá, existe escolha, existe democracia. Eu posso me metamorfazear para sábio ou ser feliz no meu mundinho. Mas entre os sábios existe apenas a terrível ditadura do conhecimento, dos horizontes expandidos, dos pensamentos livres, dos sentimentos da dor e da tristeza alheias. Quando foi que eu mudei? Preciso de um mapa, por favor. Eu descobri o que eu quero. Quero sair daqui e voltar à escuridão da ignorância.
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