Blasé

Como prometido, segue abaixo! Demorou menos do que esperava.

A luz não ilumina a minha inspiração. Só a encontro com a lua, durante a noite, minha companheira. A luz não permite a imaginação. Ela nos mostra tudo e não deixa duplos sentidos. Não há surpresas. Mas o que me surpreende agora?
Um copo me acompanha, um maço de cigarros de certa marca está ao meu lado. Devo buscar minha inspiração na escuridão, entre pessoas desmaiadas e caídas, de bebida, cigarro, de qualquer coisa, como já vi milhares de vezes. A dor, o enjôo da vida ingrata, injusta, poderia nos motivar.
Descer uma escadaria. Chegar no lugar com música alta. Sempre a mesma batida, sempre o mesmo estilo, sempre as mesmas pessoas. Chegar no exibicionismo das pessoas. Vê-las tirar fotos da festa para colocá-las em um site qualquer. Vivem de fotos. E eu? Eu escrevo. Falo mal deles, ao mesmo tempo em que sou um deles. Deprimente. Mas o que mais posso fazer? Seguir uma vida na luz, na decepção? Acho uma válvula de escape.
Não há vontade de viver uma vida vazia, sem riso. Mas há motivo para riso? Não há vontade de viver uma vida cheia de risadas falsas, que terminarão junto com o efeito do álcool ou de outros narcóticos. Estamos em uma encruzilhada.
Na busca do destaque do destaque, apenas aqueles com beleza ou com dom esportivo. Um dom extremo para escrever (nem sempre, já li cada porcaria sendo editada e, pior, re-editada), para a música (já ouvi cada merda). Na busca da inspiração.
Vou à luz, vou aos lugares mais negros. Quanta necessidade de auto-afirmação. Quanta necessidade de aceitação dos outros. Dependo de um grupo, de uma sociedade falha. Me estrago, me esgoto, me veneram, me destroem.
Não há caminho, nem de ida, nem de volta. Me buscam, me exigem, me ignoram.
Vou descer as escadas. Vou descer à representação do tédio. Vou descer ao meu mundo. Vou descer á falta de mudanças, de surpresas. Vou descer ao Inferno, à falta de esperança. Vou ao desespero, ao encontro dele. É a única forma de chegar à imortalidade. À veneração externa. É uma das formas de chegar à luz da Glória, apenas para, logo depois, descer as escadas novamente, em busca de mais uma massagem no ego.



Bom, acho que consegui pensar como uma blasée. Foi difícil. Amo viver e me surpreendo com tudo. Não sigo modinhas e fico na minha, mas isso não é SER blasé. Atualmente essa é uma modinha. Para ser blasé não se pode ser blasé. Irônico. Paradoxo interessante.

Bom, esse texto é dedicado ao pessoal da faculdade, que fica se embebedando com vinho barato, fumando, sei lá mais o que (nada de acusações sem certeza), se dizendo de esquerda enquanto fumam maconha por ser uma “atitude contra o sistema”. Depois, pagam a conta com o dinheiro recebido de mesada do papai e da mamãe, vão até o carro zero “conquistado” da mesma forma e vão pra casa dormir na cama arrumada pela empregada da família. Parabéns a todos vocês!

E que se foda a briga federal que pode se armar. É o que eu mais gosto.



Ps.: Para este texto, ouvi muito “Dejá Vú”, do Poesie Noire, “Flerte Fatal”, do IRA e “Canto para minha morte”, do Raul (vocês sabem qual e, se não souberem, sumam do meu blog. Hausahsuahsuhuhs)

Beijos, amados.
Até a próxima!

quinta-feira, 9 de julho de 2009 às 11:56

3 Comments to "Blasé"

Tchau, to saindo do teu blog... eu não conheço NENHUMA música do Raul! Haushuahsuahsuahsuahsaush

Perai, dexa eu recuperar o fôlego. Sempre me perguntei o que era exatamente ser blasé, acho que deu pra ter uma ideia. Mto bom o texto ;D

Blasé é alguém que não se impressiona com nada, tem uma atitude de "desinteresse pela vida".

Posted by Anônimo ( 13 de julho de 2009 às 08:25 )

Ps.(séculos depois): A idéia era "Vocês sabem qual Raul, não qual música...

Valki (preguiça de logar)

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